sábado, 12 de dezembro de 2009
Versos Românticos
Eu não escrevo versos românticos
Versos românticos não existem
São perdidos em si mesmos
São palavras no vazio
Versos românticos são tristes
Palavras sem razão
Beijos sem amor
Versos românticos me lembram você
Seus cabelos e seus olhos
Tua delicadeza e teu dançar
Ah, versos!
O que dirá deles o teu olhar?
Ah, romântico!
Onde está? Onde foi parar?
Versos românticos são loucos
Palavras sem sentido
Brilhando no coração
Versando verso o canto
O canto dos teus olhos
Doces, lindos, perfeitos
Menina linda que me escapa
Que me foge e me perturba
Olhe nos meus olhos
Sinta o meu desejo
Na fuga te encontro
No salto te perdôo
Ah! Beija-me!
Sinta o mar, o vento
Meus lábios doces nos teus.
domingo, 18 de outubro de 2009
Defesa da paixão
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Pedaços de um cometa cambaleante
O contato com Arthur Bispo do Rosário, me fez explodir pensamentos sobre isso que chamamos de loucura. Eis então, o que exponho aqui. Porém, gostaria que vocês entrassem nesse texto da forma como se entra em uma poesia, ou seja, quero sentimento, não entendimento. Não tenho a mínima pretensão de dizer a verdade, portanto, sintam.
A loucura talvez não seja um estado ou uma doença psíquica, talvez seja o que há de mais profundo em nós. Ligamos sempre a loucura ao sofrimento ou então à algo inusitado, diferente, porém será mesmo isso a loucura? Penso que não. Seu Bispo do Rosário criava, poetizava o espaço despedaçado dos manicômios, se identificava com Cristo, e realmente o era, quem diria que não? Um crítico de arte ou psiquiatra talvez. A loucura do nosso artista o fez acessar outros mundos, outras vidas, Sua singularidade pulsa desafiando tod@s. Ouvia uma voz que o mandava produzir um inventário do mundo para levá-lo ao Criador, Louco? Sim, louco, artisticamente louco, quebra a religião, a bíblia, ele não imita Cristo, ele é Cristo.
A loucura está sempre presente em nós, em tod@s nós, porém, quase sempre está acorrentada, presa, enquadrada. Em quê? Em um sujeito, despotencializamos a loucura! Evitamos sua dança, seu gingado, sua festa. O sujeito, o eu, tão caro a nós prende nossas potências criativas, nossos devires, nosso corpo, nossos corpos. Sujeito não tem nada haver com singularidade. Singular é dá margem ao devir, ao vento do ciclope. Singular é fugir das grades por vezes fortes, por vezes enferrujadas da cela do sujeito. É deixar o pensamento do corpo e as pulsões da mente se exibirem, se misturarem, se beijarem.
Portanto, louc@s são aquel@s que não permitem o enquadramento, o celamento, só assim a vida vira arte, A loucura não gosta de chaves e fechaduras. A loucura é esse turbilhão de desejos musicais e violentos prontos para explodir a qualquer momento.
Devires e desejos, desencontrados e harmônicos, contraditórios e cintilantes, a loucura é esse tecido bordado de peças de um cometa cambaleante.
domingo, 26 de julho de 2009
Devir-Estamira
Folhas
A dança
O vestido dança em volta dos pés
E tudo que dança voa
O céu palpita
E as flores tecem
Os pés se cruzam
deitados no mar
e o tecido brinca
ou quem sabe, sonha
Onde vão?
Flutuando
a beijar?
Deitada, sorrindo
a imagem canta
Pequena melodia
dança do luar
Perdendo
Desaparecendo
No eterno
Cores suaves
Montanhas sem véu
os pés dançam
os pés descansam
Dançamos
à suave música
Beijamos
ao suave canto
Descansamos
ao cruzar dos pés
Thiago V. Marques
Poesia fotográfica
Quero uma poesia , mas pode ser também uma fotografia, não uma fotografia qualquer, mas uma que me liberte de tudo que me prende, de tudo que me mata.
Palavras poderiam beijar de vez em quando, as cores poderiam amar vez ou outra.
Não queria mais dormir, queria ficar acordado, eternamente, mas a vida cansa, que coisa não?
Quero uma poesia, mas pode ser também uma fotografia...
Queria sentir as flores, malditas e maravilhosas flores!
Dance, exiba a beleza do seu corpo...
Preciso daquela coisa que todo mundo quer...
Daquela coisa que a poesia quer mostrar
que a fotografia quer beijar...
Preciso de liberdade, liberdade de mim mesmo, liberdade, preciso correr...
Desejos estranhos, pensamentos estranhos...
Quero uma poesia, mas não uma poesia qualquer,
Talvez uma poesia daquelas que todo mundo quer...
Uma poesia fotográfica, uma poesia de amor,
Uma poesia de mim para mim,
Preciso desaparecer para poder ressurgir,
Preciso morrer para reviver,
Preciso viver, sentir, nem que seja uma dança,
Preciso me arrancar de mim, fugir de mim,
Na verdade, eu preciso de felicidade,
Qualquer uma, por favor.
Preciso de uma poesia, mas não uma poesia qualquer...
Thiago V. Marques
Pra quê?
Eu poderia falar da tristeza...
Mas... pra quê?
Eu poderia falar da angústia...
Mas... pra quê?
Eu poderia falar do desespero...
Mas... pra quê?
Se eu posso falar do coração
Da paixão... do amor.
Se eu posso falar da alegria,
Da emoção em ver teus olhos
Se há mais desejo do que parece
Se há mais luz do que se vê.
Eu poderia cantar a dor
Mas... para quê?
Eu poderia beijar as lágrimas
Mas... para quê?
Eu poderia... morrer
Mas... para quê?
Eu poderia... sim, eu poderia
Mas... não encontro disto o porquê.
O porquê de não amar
De não viver, de não sorrir
De não sentir, de não dançar
De não ouvir, de não sonhar
O porquê de não olhar
De não gritar, de não se apaixonar
Eu poderia, sim... eu poderia
Mas... Para que?
A arte da leveza
Tenho...
Tenho que estudar
Tenho que dar respostas
Tenho que correr
Tenho...
Tenho...
Tenho...
Que merda!
É...
Tenho pressa.
Não sei porque.
Desejo
Milhares
Não sei escolher
Não sei
Não sei
Tormento
Perdido
Movido
Desaparecido
...nada...
Tristeza...
Por que me dilaceras a alma?
Nada respiro... nada aspiro
Tudo é vazio... tudo está perdido
Onde estou?
Morto?
Sozinho?
Vivendo sem alma...
Mar... sem lágrimas
Andando... caindo
Sem nada... sem céu
Sem desejos... sem lua
Sem... sem... sem...
Nada... quero
Nada... vejo
Nada... vislumbro
Nada... nada... nada...
...perdido...
...
...desaparecido de mim mesmo...
Onde estou?
...onde... afogando... no abismo
Cantando... o desespero...
Sem vida... com a morte no espírito
...sem voz... sem olhar...
Perseguido...por algo...
...por mim...
Fugindo... do nada...
Da alma... dos meus olhos...
Lagrimas... vazias
Secas... sem... música
Nada... em mim
Sem...nada... de mim
Desejo
Deseja apenas desejar
O desejo por nada pulsa
Apenas deseja pulsar
O desejo é fogo e sol
Consome-se a si mesmo
Queima-se a si mesmo
Sempre há algo a ser desejado
Porém nada é desejado de fato
O desejo deseja sem desejar
Beija sem beijar
É pura potência
Ardor e amor
Desejar é fugir
Ir para longe da prisão
Ninguém deseja
O desejo não tem dono
Ele acontece
Ele pulsa
Ele devir
O desejo rompe
Aparece e desaparece
Sonha e perpassa a alma
O desejo não é sozinho
Um desejo são milhares
O desejo é movimento
Corre feito louco
Perdido em desejar
Despolitização e Financiamento dos partidos socialistas
A lógica da democracia burguesa é a seguinte: os partidos estão separados do povo. Entre os partidos e o povo há um abismo. Este último não participa da política, ou seja, existe uma despolitização da sociedade. A política é restrita aos partidos.
Um dos elementos que colaboram para esse processo de despolitização é o financiamento das campanhas eleitorais pelo poder econômico. Os partidos não precisam da ajuda do povo para eleger os seus candidatos, o poder econômico já basta, pois através dele se contratam militantes, material, propaganda, e os mais diversos artifícios. O povo, por sua vez, nem se sente na obrigação de ajudar os partidos e de colaborar com eles. Pois para que? Eles não precisam do povo, este é colocado na posição de mero cliente, de mero expectador, não participa da política.
Um partido socialista financiado pelo poder econômico (grandes empresas, bancos, multinacionais etc.) entra nessa mesma lógica, porém com conseqüências mais drásticas é claro. Um partido socialista acredita que a revolução tem que surgir da politização dos trabalhadores. A partir do momento em que esse partido deixa de depender da ajuda de seus militantes e trabalhadores e passa a depender do poder econômico ele deixa de lado o seu objetivo inicial. Não precisa mais do dinheiro do proletariado, não precisa mais de militantes que se oferecem de graça para trabalhar pelo partido. E pior que isso: que militante e que trabalhador irá se sentir motivado a trabalhar em um partido que não necessita deles?
Pode-se argumentar que é inteligente usar o dinheiro do capital contra ele próprio, realmente isso é possível, porém a lógica da despolitização continua presente. Para fazer a revolução, para ganhar as eleições não precisamos mais do povo, dos militantes (voluntários e não profissionais) precisamos do dinheiro do capital. Não precisamos mais conscientizar e politizar as pessoas, basta convencê-las a votarem em nós! Pois nós traremos a revolução para o país não o povo.
O problema maior de um partido socialista ter sua campanha financiada pelo grande capital não é a possibilidade de se corromper, nem a de ter sua ideologia comprometida ou desvirtuada e nem a de ter a sua imagem manchada (essas coisas são possíveis de serem evitadas). O problema maior é que se entra na mesma lógica dos partidos burgueses que deixam de depender do povo e passam a depender do Capital. Assim a política do partido vira uma política baseada no dinheiro e não na politização e mobilização da sociedade.
A sociedade precisa de uma nova forma de fazer política. Uma forma que não se submeta ao dinheiro, ao Capital. A política precisa se libertar do Capital e os partidos socialistas deveriam ser os primeiros a buscar essa nova forma. Ou não é o nosso objetivo, enquanto socialistas, realizar uma mudança radical na política do nosso país?
Thiago Vasconcelos Marques