sábado, 12 de dezembro de 2009



Desejos






Versos Românticos

Eu não escrevo versos românticos

Versos românticos não existem

São perdidos em si mesmos

São palavras no vazio

Versos românticos são tristes

Palavras sem razão

Beijos sem amor

Versos românticos me lembram você

Seus cabelos e seus olhos

Tua delicadeza e teu dançar

Ah, versos!

O que dirá deles o teu olhar?

Ah, romântico!

Onde está? Onde foi parar?

Versos românticos são loucos

Palavras sem sentido

Brilhando no coração

Versando verso o canto

O canto dos teus olhos

Doces, lindos, perfeitos

Menina linda que me escapa

Que me foge e me perturba

Olhe nos meus olhos

Sinta o meu desejo

Na fuga te encontro

No salto te perdôo

Ah! Beija-me!

Sinta o mar, o vento

Meus lábios doces nos teus.

domingo, 18 de outubro de 2009

Defesa da paixão

Thiago Vasconcelos Marques

Todos falam que o amor é eterno
Que o amor é profundo e perfeito
Enquanto a paixão é passageira
Superficial, ilusória
Tolices, amor e paixão são a mesma coisa
Ou talvez, não existe amor e paixão
O que existe são ilusões
Mas o que há de errado com as ilusões?
Nada, é isso que não percebem!

Dizem que o amor é exclusivo!
Que visão egoísta do amor!
Como se pode amar apenas uma pessoa?
Reprimidos outra vez

Dizem que a paixão é superficial
Mas ela é a mais verdadeira
a mais concreta, a mais real
Porém, ninguém a entende

Tudo bem, entendo a diferença
o amor é de um jeito a paixão é de outro
Mas por que desprezar a paixão, desprezar o prazer?

Sim, isso mesmo
Não me digam que não a desprezam!
Pois, desprezam!

A paixão para os que a desprezam
é um mero caminho para o amor
e só irá ser valorizada
se realmente levar ao amor
Caso contrário, será considerada
uma pervertida.

Por que não podemos
nos apaixonar por apaixonar
assim como podemos amar por amar?

A paixão passa rápido,
que bom, assim dá espaço para outras paixões
o eterno é enfadonho, desestimulante

Viva a paixão pela paixão!
O beijo pelo beijo!
Os corpos pelos corpos!
E todo o resto que os acompanham!





sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Pedaços de um cometa cambaleante

Thiago V. Marques





O contato com Arthur Bispo do Rosário, me fez explodir pensamentos sobre isso que chamamos de loucura. Eis então, o que exponho aqui. Porém, gostaria que vocês entrassem nesse texto da forma como se entra em uma poesia, ou seja, quero sentimento, não entendimento. Não tenho a mínima pretensão de dizer a verdade, portanto, sintam.

A loucura talvez não seja um estado ou uma doença psíquica, talvez seja o que há de mais profundo em nós. Ligamos sempre a loucura ao sofrimento ou então à algo inusitado, diferente, porém será mesmo isso a loucura? Penso que não. Seu Bispo do Rosário criava, poetizava o espaço despedaçado dos manicômios, se identificava com Cristo, e realmente o era, quem diria que não? Um crítico de arte ou psiquiatra talvez. A loucura do nosso artista o fez acessar outros mundos, outras vidas, Sua singularidade pulsa desafiando tod@s. Ouvia uma voz que o mandava produzir um inventário do mundo para levá-lo ao Criador, Louco? Sim, louco, artisticamente louco, quebra a religião, a bíblia, ele não imita Cristo, ele é Cristo.

A loucura está sempre presente em nós, em tod@s nós, porém, quase sempre está acorrentada, presa, enquadrada. Em quê? Em um sujeito, despotencializamos a loucura! Evitamos sua dança, seu gingado, sua festa. O sujeito, o eu, tão caro a nós prende nossas potências criativas, nossos devires, nosso corpo, nossos corpos. Sujeito não tem nada haver com singularidade. Singular é dá margem ao devir, ao vento do ciclope. Singular é fugir das grades por vezes fortes, por vezes enferrujadas da cela do sujeito. É deixar o pensamento do corpo e as pulsões da mente se exibirem, se misturarem, se beijarem.

Portanto, louc@s são aquel@s que não permitem o enquadramento, o celamento, só assim a vida vira arte, A loucura não gosta de chaves e fechaduras. A loucura é esse turbilhão de desejos musicais e violentos prontos para explodir a qualquer momento.

Devires e desejos, desencontrados e harmônicos, contraditórios e cintilantes, a loucura é esse tecido bordado de peças de um cometa cambaleante.

domingo, 26 de julho de 2009

Devir-Estamira

Banda Estamira (DF)

Estamira

Por Thiago Vasconcelos em homenagem a banda Estamira

Pulso
Pulsão
Desejo
Devir

Rasgando
Aos sete sons
Meninas, garotas
Som em fúria

Guitarras, caixas e pratos
Estalos distorcidos
Contrabaixo incendiado
Vocais aos ventos

Luzes e pedais
Gritos desmedidos
Saltos, slaps
Bends e harmônicas

Palhetas insanas
Baquetas invisíveis
Cabelos e rastas
Furor e tornados

Olhos e olhares
Cordas desnorteadas
Perdidas e sincronizadas

Fisgante
Delirante
Apaixonante

Meninas, garotas
Rock, metalcore
Hipnose estamírica
Tempestade Estamira

A vida

A vida? Aquela?
Tá vivendo por aí...

Thiago Marques

Folhas

Onde está o mar?
Onde está o céu?
Onde está o azul?
Onde está?

Onde? Onde?
Brincando por aí
Com brilhos por aqui

e na dança...
todos foram luar
todos foram cantar
todos foram...

Desapareceu
Sem voz, sem luz
sem nada...

Devires...
Sempre...
Devires

Linda
Suave
Tocante...

Música ao sentir
o vento de junho
a brisa,
aquela...

Folhas azuis
no mar...

Folhas vermelhas
no céu...

Folhas perfumadas,
cintilantes
em mim...

Thiago V. Marques

A dança

Foto de Carolina Lima

A dança

O vestido dança
em volta dos pés
E tudo que dança voa
O céu palpita
E as flores tecem

Os pés se cruzam
deitados no mar
e o tecido brinca
ou quem sabe, sonha

Onde vão?
Flutuando
a beijar?

Deitada, sorrindo
a imagem canta

Pequena melodia
dança do luar
Perdendo
Desaparecendo
No eterno

Cores suaves
Montanhas sem véu
os pés dançam
os pés descansam

Dançamos
à suave música

Beijamos
ao suave canto

Descansamos
ao cruzar dos pés

Thiago V. Marques

Poesia fotográfica

Quero uma poesia, não uma poesia qualquer, mas uma poesia que me faça viver, que me faça sentir, que me faça desejar.

Quero uma poesia , mas pode ser também uma fotografia, não uma fotografia qualquer, mas uma que me liberte de tudo que me prende, de tudo que me mata.

Palavras poderiam beijar de vez em quando, as cores poderiam amar vez ou outra.

Não queria mais dormir, queria ficar acordado, eternamente, mas a vida cansa, que coisa não?

Quero uma poesia, mas pode ser também uma fotografia...

Queria sentir as flores, malditas e maravilhosas flores!

Dance, exiba a beleza do seu corpo...
Preciso daquela coisa que todo mundo quer...

Daquela coisa que a poesia quer mostrar
que a fotografia quer beijar...

Preciso de liberdade, liberdade de mim mesmo, liberdade, preciso correr...
Desejos estranhos, pensamentos estranhos...

Quero uma poesia, mas não uma poesia qualquer,
Talvez uma poesia daquelas que todo mundo quer...
Uma poesia fotográfica, uma poesia de amor,
Uma poesia de mim para mim,

Preciso desaparecer para poder ressurgir,
Preciso morrer para reviver,

Preciso viver, sentir, nem que seja uma dança,
Preciso me arrancar de mim, fugir de mim,

Na verdade, eu preciso de felicidade,
Qualquer uma, por favor.

Preciso de uma poesia, mas não uma poesia qualquer...

Thiago V. Marques

Pra quê?

Thiago V. Marques

Eu poderia falar da tristeza...
Mas... pra quê?

Eu poderia falar da angústia...
Mas... pra quê?

Eu poderia falar do desespero...
Mas... pra quê?

Se eu posso falar do coração
Da paixão... do amor.

Se eu posso falar da alegria,
Da emoção em ver teus olhos

Se há mais desejo do que parece
Se há mais luz do que se vê.

Eu poderia cantar a dor
Mas... para quê?

Eu poderia beijar as lágrimas
Mas... para quê?

Eu poderia... morrer
Mas... para quê?

Eu poderia... sim, eu poderia
Mas... não encontro disto o porquê.

O porquê de não amar
De não viver, de não sorrir

De não sentir, de não dançar
De não ouvir, de não sonhar

O porquê de não olhar
De não gritar, de não se apaixonar

Eu poderia, sim... eu poderia
Mas... Para que?

A arte da leveza

"Livro de Poesia" de W. Maguetas

Talvez uma obra de arte seja bela quando consegue tocar o fundo da alma de quem a vê. Que relação há entre o livro e a mulher? Tanto a poesia quanto esse delicado estar-deitada parecem se encontrar na mais profunda paz, no mais profundo silêncio e leveza.

Esta obra me acalma, não sei porque, mas me acalma, nela não há nenhuma obrigação, nenhum dever, nenhuma moral, nenhuma ação, há apenas um deixar-ser, um maravilhoso deixar-se-entregar. A harmonia brilha serena e bela.

E as cores? A sombra? A luz? Tudo permeia essa bentita leveza. Talvez essa obra seja bela porque nos tira desta tão cansativa vida cotidiana. Talvez a arte sirva pra isso: para nos levar à outro mundo, à outro olhar, à outro movimento, para nos fazer sentir a vida que pulsa e nos escapa a todo momento.

Não conheço muito bem o pintor, aliás, nem entendo muito de pintura, mas pra sentir a paz de tal moça, basta se permitir olhar e apreciar, deixando pousar os olhos no deixar cair do corpo, do livro, da cama, das cores...ou seja, basta deixá-la descançar.

Thiago V. Marques

Tenho...

Tenho que trabalhar
Tenho que estudar
Tenho que dar respostas
Tenho que correr
Tenho...
Tenho...
Tenho...
Que merda!

É...

Pressa
Tenho pressa.
Não sei porque.

Desejo
Milhares
Não sei escolher

Não sei
Não sei
Tormento

Perdido
Movido
Desaparecido

...nada...

...nada...

Tristeza...
Por que me dilaceras a alma?

Nada respiro... nada aspiro
Tudo é vazio... tudo está perdido

Onde estou?
Morto?
Sozinho?
Vivendo sem alma...

Mar... sem lágrimas
Andando... caindo

Sem nada... sem céu
Sem desejos... sem lua
Sem... sem... sem...

Nada... quero
Nada... vejo
Nada... vislumbro
Nada... nada... nada...

...perdido...
...
...desaparecido de mim mesmo...

Onde estou?
...onde... afogando... no abismo

Cantando... o desespero...
Sem vida... com a morte no espírito
...sem voz... sem olhar...

Perseguido...por algo...
...por mim...
Fugindo... do nada...
Da alma... dos meus olhos...

Lagrimas... vazias
Secas... sem... música
Nada... em mim
Sem...nada... de mim
Thiago Vasconcelos Marques

Desejo

O desejo nada deseja
Deseja apenas desejar

O desejo por nada pulsa
Apenas deseja pulsar

O desejo é fogo e sol
Consome-se a si mesmo
Queima-se a si mesmo

Sempre há algo a ser desejado
Porém nada é desejado de fato

O desejo deseja sem desejar
Beija sem beijar
É pura potência
Ardor e amor

Desejar é fugir
Ir para longe da prisão

Ninguém deseja
O desejo não tem dono

Ele acontece
Ele pulsa
Ele devir

O desejo rompe
Aparece e desaparece
Sonha e perpassa a alma

O desejo não é sozinho
Um desejo são milhares

O desejo é movimento
Corre feito louco
Perdido em desejar
Thiago Vasconcelos Marques

Despolitização e Financiamento dos partidos socialistas

A lógica da democracia burguesa é a seguinte: os partidos estão separados do povo. Entre os partidos e o povo há um abismo. Este último não participa da política, ou seja, existe uma despolitização da sociedade. A política é restrita aos partidos.


Um dos elementos que colaboram para esse processo de despolitização é o financiamento das campanhas eleitorais pelo poder econômico. Os partidos não precisam da ajuda do povo para eleger os seus candidatos, o poder econômico já basta, pois através dele se contratam militantes, material, propaganda, e os mais diversos artifícios. O povo, por sua vez, nem se sente na obrigação de ajudar os partidos e de colaborar com eles. Pois para que? Eles não precisam do povo, este é colocado na posição de mero cliente, de mero expectador, não participa da política.

Um partido socialista financiado pelo poder econômico (grandes empresas, bancos, multinacionais etc.) entra nessa mesma lógica, porém com conseqüências mais drásticas é claro. Um partido socialista acredita que a revolução tem que surgir da politização dos trabalhadores. A partir do momento em que esse partido deixa de depender da ajuda de seus militantes e trabalhadores e passa a depender do poder econômico ele deixa de lado o seu objetivo inicial. Não precisa mais do dinheiro do proletariado, não precisa mais de militantes que se oferecem de graça para trabalhar pelo partido. E pior que isso: que militante e que trabalhador irá se sentir motivado a trabalhar em um partido que não necessita deles?

Pode-se argumentar que é inteligente usar o dinheiro do capital contra ele próprio, realmente isso é possível, porém a lógica da despolitização continua presente. Para fazer a revolução, para ganhar as eleições não precisamos mais do povo, dos militantes (voluntários e não profissionais) precisamos do dinheiro do capital. Não precisamos mais conscientizar e politizar as pessoas, basta convencê-las a votarem em nós! Pois nós traremos a revolução para o país não o povo.

O problema maior de um partido socialista ter sua campanha financiada pelo grande capital não é a possibilidade de se corromper, nem a de ter sua ideologia comprometida ou desvirtuada e nem a de ter a sua imagem manchada (essas coisas são possíveis de serem evitadas). O problema maior é que se entra na mesma lógica dos partidos burgueses que deixam de depender do povo e passam a depender do Capital. Assim a política do partido vira uma política baseada no dinheiro e não na politização e mobilização da sociedade.

A sociedade precisa de uma nova forma de fazer política. Uma forma que não se submeta ao dinheiro, ao Capital. A política precisa se libertar do Capital e os partidos socialistas deveriam ser os primeiros a buscar essa nova forma. Ou não é o nosso objetivo, enquanto socialistas, realizar uma mudança radical na política do nosso país?

Thiago Vasconcelos Marques

Devir-fogo

Devir-fogo, queimando, fugindo, destruindo, criando, voando, dançando, delirando...